Especialistas divergem sobre fim do uso de radares móveis no Brasil
Publicado em 13 de agosto de 2019
Além de ter surpreendido a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio Grande do Sul, o anúncio do fim dos radares móveis no país, feito por Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (12), preocupa especialistas de trânsito. A declaração foi feita em Pelotas, no Sul do Estado, durante a cerimônia de inauguração de 47 quilômetros duplicados da BR-116.
— A partir da semana que vem, não teremos mais radares móveis no Brasil — garantiu.
Sociólogo e consultor em segurança no trânsito, Eduardo Biavati, entende que a promessa é "antipatriótica" e um "desrespeito com toda a sociedade". Segundo ele, "toda infração cometida ao exceder o limite de via coloca diretamente em risco a vida da pessoa", além de terceiros.
— O equívoco disso é que realmente não somos um país pacífico no trânsito. Nas Américas, é aqui onde morre mais gente. É algo vergonhoso. Como resolver esse problema é uma questão humanitária — defende.
Sobre a fala de Bolsonaro afirmando que existe no país uma “indústria da multa”, Bivati explica que o pensamento não é peculiaridade do brasileiro e está presente em diversos países.
— Essa ideia de que pegaram o seu dinheiro por sacanagem não se sustenta. Não existe indústria da multa, existe (indústria) da infração. Se você foi pego e multado, é porque acionou o acelerador além do que devia. Isso é tão sério e grave justamente porque o que mata no trânsito é a velocidade.
O sociólogo diz acreditar que a medida deve ser barrada "em algum nível", como no judiciário.
"Desmoraliza e descredibiliza a lei"
Para o engenheiro civil e doutor em Transportes da UFRGS, João Fortini Albano, o fim dos radares móveis "desmoraliza e descredibiliza" a lei, e é um equívoco do ponto de vista técnico.
— Esses sistemas (de controle de velocidade) levaram muito tempo para serem consolidados. Houve muita reclamação no começo, mas hoje vemos quantas mortes foram evitadas. É um retrocesso de tudo que já tínhamos conquistado.
Segundo Albano, a atitude do presidente vai "incentivar" que condutores desenvolvam "maiores velocidades e até ultrapassagens indevidas".
— Serão prejuízos de toda a ordem. A maioria dos infratores utiliza as rodovias de forma correta. Mas há uma pequena porcentagem a quem esse discurso agrada.
"Uso excessivo"
Mas o engenheiro e especialista em trânsito Mauri Adriano Panitz discorda. Segundo ele, muitos equipamentos foram instalados de forma irregular. Hoje, no Brasil, existe um "uso excessivo de radares, pardais, lombadas", defende.
— A maioria dessas instalações não tem projeto, nem responsável técnico. Os órgãos foram implantando de qualquer jeito. Sendo assim, todas essas multas deveriam ser anuladas. Ele argumenta também que, por isso, a arrecadação é "injusta", e entende que existe a indústria da multa.
— O número de condutores que cometem essas infrações (de excesso de velocidade) não representa 1%. A maioria das pessoas dirige dentro da normalidade. Os equipamentos são colocados no interesse de assaltar o cidadão, não de proteger.
— A partir da semana que vem, não teremos mais radares móveis no Brasil — garantiu.
Sociólogo e consultor em segurança no trânsito, Eduardo Biavati, entende que a promessa é "antipatriótica" e um "desrespeito com toda a sociedade". Segundo ele, "toda infração cometida ao exceder o limite de via coloca diretamente em risco a vida da pessoa", além de terceiros.
— O equívoco disso é que realmente não somos um país pacífico no trânsito. Nas Américas, é aqui onde morre mais gente. É algo vergonhoso. Como resolver esse problema é uma questão humanitária — defende.
Sobre a fala de Bolsonaro afirmando que existe no país uma “indústria da multa”, Bivati explica que o pensamento não é peculiaridade do brasileiro e está presente em diversos países.
— Essa ideia de que pegaram o seu dinheiro por sacanagem não se sustenta. Não existe indústria da multa, existe (indústria) da infração. Se você foi pego e multado, é porque acionou o acelerador além do que devia. Isso é tão sério e grave justamente porque o que mata no trânsito é a velocidade.
O sociólogo diz acreditar que a medida deve ser barrada "em algum nível", como no judiciário.
"Desmoraliza e descredibiliza a lei"
Para o engenheiro civil e doutor em Transportes da UFRGS, João Fortini Albano, o fim dos radares móveis "desmoraliza e descredibiliza" a lei, e é um equívoco do ponto de vista técnico.
— Esses sistemas (de controle de velocidade) levaram muito tempo para serem consolidados. Houve muita reclamação no começo, mas hoje vemos quantas mortes foram evitadas. É um retrocesso de tudo que já tínhamos conquistado.
Segundo Albano, a atitude do presidente vai "incentivar" que condutores desenvolvam "maiores velocidades e até ultrapassagens indevidas".
— Serão prejuízos de toda a ordem. A maioria dos infratores utiliza as rodovias de forma correta. Mas há uma pequena porcentagem a quem esse discurso agrada.
"Uso excessivo"
Mas o engenheiro e especialista em trânsito Mauri Adriano Panitz discorda. Segundo ele, muitos equipamentos foram instalados de forma irregular. Hoje, no Brasil, existe um "uso excessivo de radares, pardais, lombadas", defende.
— A maioria dessas instalações não tem projeto, nem responsável técnico. Os órgãos foram implantando de qualquer jeito. Sendo assim, todas essas multas deveriam ser anuladas. Ele argumenta também que, por isso, a arrecadação é "injusta", e entende que existe a indústria da multa.
— O número de condutores que cometem essas infrações (de excesso de velocidade) não representa 1%. A maioria das pessoas dirige dentro da normalidade. Os equipamentos são colocados no interesse de assaltar o cidadão, não de proteger.
Fonte: Zero Hora
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