A Secretaria Estadual da Saúde (SES) não vai ampliar a quinta dose da vacina contra a covid-19 para quem tiver menos de 40 anos no RS. Porém, pessoas entre 18 anos e 39 anos com alguma comorbidade, além de todas as pessoas com 40 anos ou mais, receberão o reforço.
Apesar do crescimento de casos em pessoas acima dos 60 anos e da presença da nova subvariante do vírus detectada no Rio Grande do Sul e em outros Estados, o governo estadual explica a medida.
— Por não haver evidências científicas, o RS não vai indicar a terceira dose de reforço (quinta dose) da vacina para a população abaixo dos 40 anos, exceto para as pessoas de 18 anos a 39 anos com comorbidades. Para este público, com comorbidades, há evidências (da eficácia da quinta dose). O público acima dos 40 também receberá — explica Tani Ranieri, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Segundo Tani, 94% dos casos dos internados em hospitais por covid-19 e que evoluíram para óbito eram adultos e todos apresentavam comorbidades. Quase 80% deles eram pessoas com mais de 60 anos de idade.
Conforme a diretora do Cevs, houve um aumento, nas últimas semanas, na procura de doses pela população nas unidades básicas de saúde. As vacinas em estoque servem para atender o repasse semanal aos municípios, assim como doses extras que possam ser necessárias, seguindo o que é recomendado pelo Ministério da Saúde e pelo Estado do RS, destaca Tani.
De acordo com o monitoramento da covid-19 do governo estadual, até este sábado (3), havia 50 casos confirmados de pacientes positivados ocupando leitos adultos de unidades de terapia intensiva (UTIs) do Sistema Único de Saúde (SUS) e de hospitais privados. Também eram 26 casos suspeitos de contaminação pela doença ou outra síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
— A principal recomendação é a atualização do esquema de imunização para covid-19 para toda a população vacinada. Isso não se refere apenas ao sistema primário de vacinas. As pessoas precisam ter os reforços. Aqueles que podem, acima dos 12 anos, um reforço; e, acima dos 18 anos, dois reforços — recomenda o infectologista André Luiz Machado, do Hospital Conceição de Porto Alegre.
O médico reconhece que a vacina não é considerada atualizada em relação à variante Ômicron e suas subvariantes, mas ainda destaca a importância de se imunizar:
— Na prática diária, temos visto que os indivíduos imunizados não apresentam formas graves da doença — observa.
Machado enumera sintomas como coriza, espirro, tosse, congestão nasal e dor de cabeça e de garganta como características predominantes entre os contaminados.
— É difícil vermos situações de febre ou alterações de olfato ou paladar. Também é difícil, na população imunizada, encontrarmos pacientes que procurem a emergência por falta de ar — completa.
Indagado se ampliar a quinta dose para toda a população seria recomendável, o infectologista analisa o contexto dos doentes.
— A quinta dose parece ser válida para pessoas que tenham algum grau de comprometimento da imunidade, como idosos ou aquelas que tenham alguma doença que provoque a diminuição dela, como pacientes com algum tipo de neoplasia, que façam quimioterapia ou convivam com o vírus do HIV e tenham imunidade baixa — conclui.
Atraso
Mais de 3 milhões de pessoas estão em atraso com o primeiro reforço da vacina no RS (18 anos ou mais). Um pouco mais de 2 milhões de pessoas estão atrasadas com o segundo reforço (considerando pessoas com 40 anos ou mais) e em torno de 650 mil estão atrasadas com a segunda dose do esquema primário. Na soma, são quase 6 milhões de pessoas no Estado atrasadas com alguma dose recomendada de acordo com a sua faixa etária.