Produção de etanol de milho é nova aposta do mercado, diz Conab
Publicado em 08 de maio de 2019
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Dos 30,3 bilhões de litros de etanol que serão produzidos nesta safra, 1,4 bilhão será produzido a partir do milho. Apesar de ainda representar um percentual baixo, na comparação com o total produzido (4,62%), a extração de etanol a partir do milho é vista de forma positiva pelo potencial de crescimento em termos de mercado, e pela possibilidade de ser mais uma opção de escoamento da produção brasileira, que é uma das maiores do mundo.

Os números foram apresentados nesta terça-feira, dia 7, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no 1º Levantamento da Safra 2019/2020 de cana-de-açúcar, que traz dados sobre o etanol produzido a partir da cana e do milho e sobre a produção de açúcar.

De acordo com a Conab, a produção de etanol a partir do milho está cada vez mais relevante, tendo Mato Grosso como o maior produtor, seguido por Goiás e Paraná. A expectativa é de que novas unidades de produção sigam o mesmo caminho.

“É um novo negócio. O Brasil tem a possibilidade de fazer etanol de milho e de cana. E, no futuro, teremos condições de fazer um etanol que chamamos de segunda geração, que é o etanol de biomassa. Portanto, é um novo mercado que está se abrindo”, afirmou o coordenador-geral de cana-de-açúcar e agroenergia do Ministério da Agricultura, Cid Caldas.

Caldas, no entanto, frisa que nem todas as regiões do país terão condições de se beneficiar desse tipo de produção. “Não dá para dizer que se produzirá etanol de milho em todo o Brasil, porque isso depende de condições e de preços locais. Mas é um nicho de mercado que está se criando, bastante promissor, e os investimentos que estão sendo feitos nessa indústria são bastante expressivos”, acrescentou.

Ele estima mais de R$ 5 bilhões em investimentos na produção de milho para a extração de etanol, ao longo dos próximos 4 ou 5 anos.

Etanol anidro e hidratado

A produção total de etanol no país para a safra 2019/2020 deverá ser 4,2% menor do que a registrada na safra passada, 33,1 bilhões de litros. Segundo a instituição, a expectativa é de que o anidro – álcool utilizado na mistura com a gasolina – aumente em 11%, e chegue a 10,6 bilhões de litros.

Já o hidratado, que é etanol vendido na bomba, deverá alcançar a produção de 19,7 bilhões de litros, o que representará redução de 16,5% (ou 3,88 bilhões de litros), na comparação com a safra passada.

Com relação à cana-de-açúcar, a Conab prevê, no primeiro ciclo da safra 2019/2020, uma produção próxima a 616 milhões de toneladas, número 0,7% menor do que o registrado na safra anterior (620,4 milhões de toneladas). De acordo com a Conab, a redução se deve à retração da área colhida – estimada em 8,38 milhões de hectares (área 2,4% menor do que a observada na safra 18/19).

Açúcar voltando à normalidade

A previsão é de que a produção de açúcar volte a aumentar, chegando a 31,8 milhões de toneladas, crescimento de 9,5%, na comparação com a safra passada. Na avaliação da Conab, isso demonstra uma tendência de reequilíbrio entre a destinação de cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar e de etanol.

Segundo o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana, esse é um movimento de retorno à normalidade porque, no ano passado, o preço do açúcar foi reduzido no mercado internacional. “Como a maior parte da nossa produção é para exportação, isso influenciou a decisão de nossas unidades para reduzir a produção, na ocasião. Volta-se agora para uma produção dentro da normalidade”, disse o superintendente.

A tendência, no entanto, é que o mercado ainda se mantenha mais atrativo para o etanol, devido à grande quantidade de açúcar no mercado internacional, com a Índia mantendo sua produção elevada, o que prejudica as exportações brasileiras e puxa para baixo o preço no mercado interno.
Fonte: Canal Rural
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