Dois prováveis casos da variante Delta do coronavírus (B.1.1.617.2 – de origem na Índia) foram identificados pela primeira vez no Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), as suspeitas são de um morador de Gramado e outro de Santana do Livramento. O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) enviará para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) amostras (de secreção de naso-faringe) dos casos para exames mais detalhados.
Na Fiocruz, as amostras passarão por um sequenciamento genômico, que fornece detalhes do perfil de mutações e classifica com precisão a linhagem de cada amostra. Será um sequenciamento completo. Os testes que vêm sendo aplicados pela Secretaria da Saúde (SES) indicam se determinada amostra é uma provável VOC (variante de preocupação, da sigla em inglês) a partir da identificação de genes específicos que são diferentes entre os tipos de vírus.
Segundo a SES, "nos últimos dias, as vigilâncias municipais adotaram as medidas sanitárias necessárias, com a identificação das pessoas e rastreamento de contatos dos casos, além do isolamento e coleta de amostras para RT-PCR (inclusive de contactantes). Essas amostras são enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen) para análise. Se forem casos positivos, são realizados testes para identificar a provável linhagem".
Além desses dois casos de prováveis Delta, três possíveis casos da variante Alfa (B.1.1.7, origem no Reino Unido) foram identificados e estão em investigação para confirmação.
Variantes do coronavírus
Algumas linhagens do SARS-CoV-2 preocupam quanto a alterações no seu comportamento por carregarem algumas mutações específicas. A maioria dessas mutações está concentrada na proteína Spike, a responsável por reconhecer as células humanas e ajudar o vírus a penetrar nessas células do indivíduo.
Quando comprovadas essas alterações e identificada uma ameaça à saúde pública ou ao controle do vírus, temos as Variantes de preocupação (VOC), aquelas para as quais há evidências científicas de uma mudança no comportamento do vírus. As principais mudanças que requerem atenção são: aumento da transmissibilidade, aumento dos casos graves, redução significativa da neutralização por anticorpos gerados durante infecção prévia, eficácia reduzida de tratamentos ou vacinas ou, ainda, falhas de detecção no diagnóstico.
Os exemplos mais conhecidos e de maior preocupação entre as VOCs já identificadas são: Alfa (B.1.1.7, origem no Reino Unido), Beta (B.1.351, origem na África do Sul), Gama (P.1, origem no Brasil), e a Delta (B.1.617, origem na Índia). No Rio Grande do Sul, assim como no Brasil, a linhagem predominante em mais de 99% dos casos analisados é a Gama (P.1).