Mercado do boi ensaia recuperação no RS
Publicado em 19 de setembro de 2023
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Após derreterem em agosto, os preços do  boi gordo inverteram a trajetória de queda no país e iniciaram em setembro um movimento de recuperação. A oferta menor para os frigoríficos  e a expectativa de aumento da demanda por proteínas de origem animal no último trimestre do ano, com a criação de postos de trabalho temporários, o pagamento de 13º salário e as festas de fim de ano, devem reforçar a tendência de melhora nos preços pagos aos pecuaristas nos próximos meses, avalia o economista Fernando Iglesias, da consultoria Safras&Mercado.

De acordo com o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”  da universidade de São Paulo (Esalq/USP) e baseado no estado de São Paulo, a arroba era cotada a R$ 213,70 no último dia 15, uma alta de 6,96% no mês. No Rio Grande do Sul, apesar de os preços reagirem em ritmo mais lento do que no mercado paulista, a perspectiva também é de recuperação, afirma o consultor. “Temos agora um momento em que os frigoríficos encontram mais dificuldade para fazer as escalas (de abates) e têm de pagar mais pelo boi gordo. Tanto que, em São Paulo, a arroba chegou a ser negociada a R$ 190 (em agosto) e hoje as negociações acontecem em torno de R$ 220”, explica.

Os preparativos para a celebração do Ano-Novo na China, em fevereiro, devem impulsionar as exportações de carne bovina brasileira, colaborando para reduzir a oferta interna e manter as cotações em alta. “A China costuma fazer bons volumes de compra nesse período, para atender à maior demanda”, diz Iglesias. O cenário esperado para o câmbio até o final do ano também favorece os embarques da proteína. “Existe a perspectiva de um real um pouquinho mais desvalorizado, em função da mudança de política monetária no Brasil, com novos cortes da taxa básica de juros no horizonte, e do aumento dos juros nos Estados Unidos. Isso aumenta a competitividade das commodities do Brasil no mercado internacional”, observa o analista.

Apesar da reação recente, os preços ainda seguem em patamares inferiores aos do início do ano. Dados do Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3 mostram que os valores médios da arroba caíram 27,54% em termos reais (ajustados pelo IGP-DI) de dezembro do ano passado até a primeira metade de setembro. No Rio Grande do Sul, de acordo com o levantamento semanal do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o quilo vivo do boi gordo estava, em média, em R$ 6,80 no dia 13 de setembro, valor 27% inferior à cotação do início deste ano.

Essa desvalorização, segundo Iglesias, foi puxada pelo aumento da oferta interna e pela queda dos preços médios de exportação da carne bovina no período. “O ano de 2023 é um ano de muita produtividade média, há muito animal indo para abate, fêmeas em particular. No mercado internacional, os preços caíram de 7,5 mil dólares por tonelada no ano passado para 4,5 mil dólares”, diz Iglesias. A demanda fraca na ponta do consumo também pressionou as cotações para baixo. “Por mais que os preços da carne bovina tenham caído, isso não é o suficiente para aquela parcela da população que recebe de um a dois salários mínimos voltar a consumir”, diz o consultor.

Fonte: Vanessa Onci / Com informações do Correio do Povo
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