Inter reconhece evolução e aposta em Coudet por final da Libertadores
Publicado em 26 de setembro de 2023
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Eduardo Coudet voltou ao Inter como uma cartada do presidente Alessandro Barcellos para dar uma nova cara ao time no mata-mata da Libertadores. O argentino retornou ao clube para “pagar uma dívida” e mostrou uma nova postura, mais madura e maleável nos conceitos. A relação construída em pouco mais de dois meses faz o ambiente estar em harmonia e ser um trunfo rumo à final do torneio.

O explosivo treinador de três anos atrás, que cobrava os dirigentes por reforços e reclamava do "elenco curto", está mais comedido. A cada vez que concede entrevista, trata de elogiar os atletas pela entrega, versatilidade e qualidade. Evita apontar erros publicamente. A mudança de atitude é valorizada e reconhecida nos bastidores.

Um facilitador para o bom andamento no dia a dia é o conhecimento do clube. Chacho já tinha relação com funcionários e com o presidente, vice de futebol à época da primeira passagem. O nome do argentino circulava nos gabinetes do Beira-Rio antes mesmo da demissão de Mano Menezes.

Ao decidir pela mudança, a intenção era ter uma nova mentalidade em campo e extrair mais do potencial dos atletas. Barcellos foi a Buenos Aires e abriu possibilidade de Coudet se redimir com a torcida pela saída abrupta em 2020. A palavra-chave para o acerto foi transparência.

– Na vinda dele, mostramos a forma de trabalho. Uma forma transparente, reta, o que pode, o que não pode, até onde vamos. Fizemos isso em Buenos Aires, a aderência do grupo ao modelo de jogo. Não poderíamos fazer outras contratações. Tudo ocorreu de forma clara. Ele topou. O que é combinado antes facilita a relação e o convívio. Faz um trabalho comprometido e há sintonia da direção com comissão e vemos com os atletas – revelou Barcelos.

O argentino compreendeu o cenário. No trabalho, segue o mesmo. A atitude em campo que o diga. Coudet “joga junto”, berra e corre como se fosse invadir o gramado, sem respeitar o espaço da área técnica. A forma de trabalhar, todavia, apresenta um maior repertório.

A ideia de jogar em cima do adversário e roubar a bola tão logo a perde ainda norteia os pensamentos. Só que o técnico busca moldar o estilo de acordo com o adversário. Não se furta em posicionar o time mais atrás ou mesmo alterar o esquema em prol dos resultados.

Nas quartas de final, contra o Bolívar, em La Paz, abdicou do tradicional 4-1-3-2 à la Coudet, por um 3-5-2, com Nico no lugar de Mauricio, e uma postura reativa. A estratégia rendeu uma vitória histórica. Antes ainda, diante do River, foram três gols de bola parada, quesito bastante trabalhado no CT Parque Gigante.

O exemplo mais recente de adaptação foi no intervalo do jogo com o São Paulo. Atrás no placar, Rômulo entrou e atuou como um terceiro zagueiro. Bustos ganhou liberdade para atacar, e Renê para jogar por dentro. Ambos marcaram e foram decisivos na vitória por 2 a 1. Nesta quarta, no Maracanã, por questões táticas, Mallo deve ser titular da lateral.

– Ele cresceu como todo o profissional faz ao longo da carreira. O futebol brasileiro exerce muita pressão, principalmente em clubes como o Inter e Atlético-MG. Você precisa amadurecer e conviver com isso. Faz autoavaliação e fica flexível. Está mais confiante e tranquilo. Os episódios trouxeram o amadurecimento. Mesmo a ida a Europa para trabalhar no Celta, em outra condição – completa Barcellos.

O trabalho e crescimento como profissional viram combustível para melhorar os números. O desempenho e o aproveitamento estão bem abaixo de 2020, ainda que esteja nas semifinais da Libertadores, com resultados expressivos.

Coudet trocou o Inter pelo Celta após 46 partidas, com 24 vitórias, 13 empates e nove derrotas. O aproveitamento foi de 61,5%. Nesta segunda passagem, o argentino soma 13 jogos, com quatro vitórias, quatro empates e cinco derrotas. O rendimento está em 41%. Buscou a maior parte dos triunfos no que era o objetivo do clube: a Conmebol Libertadores.

Neste processo de evolução, o técnico argentino terá mais um treinamento para encontrar a melhor estratégia para enfrentar Fernando Diniz, comandante do Flu e seleção brasileira. O jogo de ida pelas semifinais ocorre na quarta-feira, às 21h30, no Maracanã.

Fonte: Vanessa Onci / Com informações do GE
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