RS tem queda de estelionatos em outubro, mas golpes seguem
Mesmo com a redução, as forças de segurança do RS reforçam a importância de se manter atento, tanto no meio digital quanto fora dele
Publicado em 20 de novembro de 2023
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Em nova queda, o registro de estelionatos no Rio Grande do Sul caiu em 16% na comparação entre o mês de outubro deste ano e o do ano passado. Foram 6.534 ocorrências contabilizadas no último mês, contra 7.784 no mesmo período em 2022. Ainda assim, outubro deste ano teve 210 casos registrados por dia no RS, um número "considerável", conforme a Polícia Civil. Os dados foram divulgados neste mês, no balanço mensal da Secretaria da Segurança Pública do RS (SSP-RS).

Mesmo com a redução, as forças de segurança do RS reforçam a importância de se manter atento, tanto no meio digital quanto fora dele. Em um caso registrado recentemente, um homem foi preso preventivamente por aplicar diversos golpes em clientes de sua revenda de veículos, em Igrejinha. A prisão ocorreu no município de Lucas do Rio Verde, no interior do Mato Grosso. O homem tem 40 anos e não teve o nome divulgado.

Conforme a Polícia Civil, ele lesou cerca de 70 clientes desde maio. A investigação indica que ele era proprietário de uma revenda de veículos e passou a receber automóveis de dezenas de clientes da região do Vale do Paranhana, para vendê-los.

No entanto, desde maio, o homem passou a comercializar os veículos de sua loja para terceiros, sem repassar os valores aos donos dos carros. Ele também causou prejuízo aos compradores dos veículos, que foram comercializados como se estivessem quitados, quando na verdade possuíam restrição de financiamento bancário. Assim, os clientes encontravam problemas ao tentar fazer a transferência dos documentos. As vítimas relataram à polícia que o homem também teria feito financiamentos em seus nomes, sem autorização. Essas pessoas afirmam que só tomaram conhecimento do fato quando viram que havia prestações sendo descontadas de suas contas.

Conforme o delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari, de Igrejinha, o homem não era mais visto no município desde setembro, quando as vítimas passaram a procurar a delegacia. O policial então pediu à Justiça pela prisão preventiva do proprietário da revenda, que foi deferida. As investigações indicaram que o homem vinha se refugiando em Lucas do Rio Verde, onde foi preso em uma ação conjunta da polícia de lá e equipes de Igrejinha.

Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão no apartamento onde o homem residia. No local, foram apreendidos talão de cheques, cartões bancários, notebooks e telefones celulares. Em depoimento, segundo a polícia, o investigado permaneceu em silêncio. Ele segue detido em MT até que seja definido para qual casa prisional será conduzido.

Criminosos "costumam se reinventar"

Titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado Thiago Albeche ressalta que criminosos que envolvidos em casos de estelionato costumam inovar em suas abordagens, por vezes reciclando e mudando detalhes de golpes já conhecidos, para atrair vítimas desavisadas.

— Com essa queda, vemos que as pessoas estão mais conscientes. Mas é preciso estar sempre atento a novas modalidades de golpes e crimes em geral, porque o criminoso, via de regra, não para com as suas investidas. Ele costuma se reinventar.

Em relação a marca de 210 casos registrados ao dia em outubro deste ano, Albeche afirma que o número é "considerável", mas ressalta que a "diminuição verificada no período também é". O delegado afirma que é preciso "comemorar o resultado positivo, assim como todas as prisões realizadas" e que a "sensibilização e cooperação" de demais instituições, como Ministério Público e Poder Judiciário, "para coibir as fraudes é essencial".

O policial projeta ainda uma possível mudança no mundo do crime:

— É possível que estejamos passando por um momento de certa migração de parte da criminalidade violenta para a criminalidade fraudulenta, que causa grandes prejuízos financeiros, psicológicos e familiares às vítimas.

Apesar da redução, órgãos de segurança pública do Estado ressaltam que é preciso levar em consideração que crimes desse tipo registram subnotificação — quando as vítimas deixam de notificar os casos, seja por medo ou vergonha, e os delitos não chegam às autoridades. Segundo a polícia, especialmente as pessoas mais vulneráveis, como os idosos, ficam constrangidas ao sofrer algum golpe, ao se darem conta que foram enganadas, e também temem ser repreendidas por familiares, por exemplo.

Algumas dicas para não cair em golpes

  • Criminosos criam falsos sites, semelhantes aos reais, para enganar os usuários. Verifique a URL do site para garantir que seja o oficial. É necessário que o endereço, começando com "https", exiba um cadeado. Não acesse links na internet cuja segurança não seja garantida. Desconfie.
  • Não acredite em lucro fácil ou vantagens que pareçam muito atrativas. Essa é a principal estratégia dos golpistas para atrair vítimas. Não acredite em desconhecidos que lhe abordam na rua ou por telefone.
  • Converse com familiares, amigos ou mesmo gerente de banco se tiver desconfiança. Estelionatários tentam criar meios de impedir que a vítima busque orientação, como mantê-la ao telefone, para que não seja alertada.
  • Se receber ligação ou mensagem informando ser de sua agência bancária, desconfie se lhe pedirem informações pessoais, códigos ou formas de acessar seu telefone. Desligue e entre em contato com o número oficial do banco ou do gerente, caso tenha acesso.
  • Tome cuidado ao imprimir segunda via de boleto em sites e ao fazer compras online. Golpistas podem criar sites falsos para enganar os clientes.
  • Não faça depósitos bancários e nem recargas de celulares para quem não conhece.
  • No caso dos leilões, verifique se os leiloeiros estão cadastrados junto ao Judiciário. As contas para depósito em leilões oficiais não são de pessoa física ou jurídica e, sim, judicial.
  • Se receber contato por telefonema ou mensagem de familiar pedindo ajuda, certifique-se de que é real. Telefone para a pessoa antes de qualquer transferência. Converse com outros parentes antes de fazer qualquer depósito.
  • No WhatsApp, habilite a verificação em duas etapas e não forneça esse tipo de código por telefone. O mesmo cuidado vale para outros aplicativos – de compras e bancos – que tenham o recurso de verificação em duas etapas.
  • Em alugueis de imóveis, desconfie de preços abaixo do mercado, se o dono exigir adiantamento e tiver pressa para que o depósito seja feito ou mesmo se o proprietário não aceitar atender a ligações ou se recusar a receber visita do locatário, para conferir a casa.
  • Ao fazer uma reserva, os viajantes devem dar preferência aos pagamentos seguros, como cartões de crédito ou serviços de modalidade de pagamento online. Evite fornecer informações pessoais, como números de conta bancária, por e-mail ou em sites não seguros.
  • Se estiver vendendo algo, não entregue o bem antes de ter certeza de que recebeu o valor do pagamento. Depósitos só são confirmados pelo banco após a conferência do envelope. Então, aguarde para enviar a mercadoria.
  • Se for vítima, registre o caso em uma delegacia da Polícia Civil ou pela Delegacia Online. Tente repassar aos policiais o máximo de informações sobre os golpistas.

 

 

 

 

Fonte: Bruna Casali / Com informações GZH
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