Escassez hídrica afeta áreas de soja no RS
Produtores intensificam aplicação de defensivos para driblar o aumento de fungos e insetos
Publicado em 17 de fevereiro de 2024
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A Emater-RS /Ascar indicou “sintomas de déficit hídrico” nas lavouras de soja monitoradas por dez dos seus 12 escritórios regionais. O cenário da safra 2023/2024 do grão foi relatado no Informativo Cojuntural da agência de extensão rural, divulgado nesta quinta-feira. A situação foi reportada por técnicos dos escritórios de Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa e Soledade. Devido à implantação tardia da cultura, dado o excesso de chuva na primavera de 2023, a maior parte da produção (43%) está em floração. As lavouras em enchimento de grãos alcançam 33% e as em germinação, 24%.

Os sintomas de escassez hídrica variam de região para região, a depender do volume de chuva recebido na última semana. Contudo, os escritórios regionais relatam que a falta de chuva aumenta a preocupação para fungos e pragas, que encontram o cenário ideal para proliferação. A principal apreensão fica por conta da ferrugem asiática, cujo controle requer a intensificação na aplicação de defensivos químicos de forma constante e alternada. “Seguem as aplicações de fungicidas e de inseticidas em intervalos menores”, informou o boletim com relação à produção de Manoel Viana, na Fronteira Oeste. A apreensão com a doença fúngica também foi relatada por sojcultores das regionais de Erechim e de Santa Rosa, onde produtores também lutam arduamente contra lagartas, ácaros e percevejos.

A ferrugem asiática é motivo de dor de cabeça na região da Campanha, especialmente nas áreas mais baixas e de várzea. Um dos exemplos está em Dom Pedrito, considerada a nova fronteira agrícola da oleaginosa no Estado. Além de plantar 120 mil hectares - 25% menos do que gostariam (160 mil ha) devido ao excesso de chuva, os sojicultores trabalham com perspectiva de redução na produtividade inicialmente projetada para a cultura. Em Hulha Negra, a perda estimada para o grão, até o momento, é de 5%.

O mesmo foi relatado nas regionais de Passo Fundo, Pelotas e Frederico Westphalen, mesmo que a chuva tenha caido de maneira irregular em algumas áreas. “Já ocorre abortamento de flores e das pequenas vagens recém-formadas (...) se a falta de umidade ideal nos solos persistir, haverá diminuição do tamanho e do peso dos grãos, reduzindo as expectativas de produtividade final das lavouras”, exemplificam os especialistas.

As precipitações desuniformes também foram benéficas aos municípios ligados à regional da Emtaer-RS/Ascar de Ijuí. “(A chuva) auxiliou na retomada da turgidez das plantas e interrompeu a queda de flores e vagens”, detalhou o levantamento. Apesar disso, há relatos de murchamento, amarelamento de folhas, além da morte das que se localizam nas partes inferiores das plantas, de queda de flores e de vagens.

Segundo a Emater-RS/Ascar, em Soledade, “o momento é de restrição hídrica generalizada na cultura”. Entretanto - e por enquanto - os casos mais graves ainda são pontuais. A regional de Santa Maria reportou que as chuvas “trouxeram boas expectativas e reforçaram a possibilidade de uma excelente safra”. Contudo, os técnicos e extensionistas ressalvam que “ainda há necessidade de disponibilidade de novas precipitações ao longo dos próximos dias, dadas as altas temperaturas”.

O déficit hídrico apareceu ainda nas avaliações de Caxias do Sul, principalmente em áreas de solo mais raso e nos locais com solo compactado. Porém, diferentemente das outras regiões, não há redução significativa na expectativa de safra.

 

 

Fonte: Bruna Casali / Com informações Correio do Povo
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