RS tem mais de 21,5 mil imóveis rurais afetados pelas enchentes
Levantamento elaborado pela Embrapa Territorial a partir de imagens de satélite sobre a mancha de inundação apontam danos em ao menos 255 municípios do Rio Grande do Sul
Publicado em 21 de maio de 2024
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O efeito das cheias na agropecuária gaúcha aos poucos vai se desenhando, à medida que entidades e órgãos de pesquisa no setor conseguem ter acesso às propriedades para o levantamento das perdas. Mesmo sem conhecimento do todo, já são milhares de locais atingidos e de toneladas de produção em risco.

Um estudo de impacto elaborado pela Embrapa Territorial dá algumas pistas sobre a dimensão dos estragos no campo. A unidade do órgão de pesquisa, baseada em Campinas (SP), é especializada na gestão de dados e imagens de satélites. É este olhar de fora — e de cima — que tem permitido algumas análises.

Conforme o levantamento, ainda preliminar, são 21.541 imóveis rurais e 1.559 estabelecimentos agropecuários atingidos em 255 municípios do Rio Grande do Sul. A análise é feita a partir da mancha de inundação registrada pelos satélites no Estado entre os dias 5 e 7 de maio. O terreno inundado abrange mais de 500 mil hectares.

O recorte e os dados fornecidos pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG/RS) e o programa federal Brasil Mais permitiram os primeiros cruzamentos. Futuramente, eles devem ser entregues em bases municipais, explica o chefe-geral da Embrapa, Gustavo Spadotti.

Nas áreas agrícolas produtivas, o alagamento afetou 11% da área de arroz, 1,4% da área de soja, 1,2% da área de pastagens e 2% de outras culturas anuais do Estado.

Fora isso, foram 86 silos ou demais unidades de armazenagem de produtos atingidos dentro da mancha. As estruturas somam potenciais de perda de 750 mil toneladas.

— Foi um impacto muito severo. Avaliamos áreas dentro da mancha, mas vamos evoluir para áreas onde houve deslizamentos. E, num futuro, ver o dano depois que a água baixar. O solo foi bastante lavado e dificilmente terá condição de cultivo. O cenário é de grande alerta para o futuro da agropecuária — avalia o chefe-geral da Embrapa, Gustavo Spadotti.

Diferentemente das áreas urbanas afetadas, onde se discute a realocação de bairros ou mesmo de cidades inteiras para outras regiões, na agropecuária, a solução não deve ser tão viável. Há limitações de terra ou mesmo de aptidão de cultivos.

— O Rio Grande do Sul é uma região bem consolidada na sua agropecuária, não tem fronteiras agrícolas a ampliar. O que se pode fazer é um estudo do potencial de aptidão das terras e, a partir disso, elaborar um estudo de direcionamento para novas terras. Mas, muitas vezes, é uma decisão do próprio produtor de apostar em um cultivo — diz Spadotti.

O levantamento também cita as vias de acesso aos imóveis rurais e estabelecimentos agropecuários comprometidas. Foram verificados 49 bloqueios parciais e 42 bloqueios totais. A dificuldade logística, que já impacta no fornecimento de produtos e no escoamento da safra que não consegue chegar ao porto, será outro impacto que virá nos próximos estudos.

 

 

Fonte: Bruna Casali / Com informações GZH
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