Em estimativa ainda parcial, a Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra) calcula que a safra 2023/2024 terá queda de 14,38% na produção, apesar de a área plantada ter crescido 7,07%. A redução da produção de tabaco é consequência do excesso de chuvas no Estado, que causou prejuízos de R$ 95 milhões ao setor. Apesar do revés produtivo, o preço pago ao produtor melhorou e o faturamento cresceu 13,64%. Os dados foram apresentados em reunião virtual da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), na segunda-feira.
O diretor da Afubra e coordenador da Câmara Setorial, Romeu Schneider, avaliou os resultados da safra, que teve 126 mil hectares de área plantada. O número de famílias na atividade passou de 64,76 mil para 68,58 mil, aumento de 5,90% no Rio Grande do Sul. Na produção, a estimativa de queda de 14,38% deve totalizar coheita de 220 mil toneladas, contra 257 mil toneladas na safra 2022/2023. A produtividade deve ficar em 1.746 kg/ha, redução de 20,05% em relação à safra anterior.
Preços melhores
Segundo Schneider, a redução é consequência do excesso de chuvas no período. O diretor disse que houve aumento no preço pago ao produtor. Conforme Schneider, os valores subiram quase 40% do início para o final do período de comercialização, e o faturamento do produtor cresceu 13,64%, alcançando R$ 5,2 bilhões.
“Normalmente, quando a remuneração ao produtor é muito expressiva em uma safra, tem aumento de área, o que pode causar excesso de oferta”, advertiu.
Nesta safra, 509 dos 1.191 municípios dos três estados da Região Sul produziram tabaco. No RS, foram 201 municípios envolvidos com a cultura.
Indenizações por granizo
A Afubra informou que as indenizações por granizo na Região Sul chegaram a 36.576 atendimentos, num total de R$ 216 milhões, aumento de 20,46% em relação à safra anterior, quando os valores pagos foram de R$ 179 milhões. “É importante lembrar que a grande maioria dos produtores faz a inscrição no seguro para ter a garantia de ter parte da receita de volta em casos de perdas por granizo”, disse.
O Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) apresentou dados sobre os impactos das enchentes.
“Felizmente, tivemos uma coisa totalmente atípica nesta safra. Normalmente, as compras do produto acontecem até julho, só que neste ano, devido a uma safra menor e um preço alto pago ao produtor, ela se deu no final de abril”, destacou o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke.
Perdas
Levantamento do sindicato mostrou que 1.929 propriedades rurais de fumicultores foram atingidas pelas cheias, em 75 municípios. Em termos de produtores afetados se destacam Candelária, onde 214 produtores tiveram prejuízos, seguida de Agudo (136), Barros Cassal (132) e Venâncio Aires (116). Considerando a valoração estimada das perdas, os municípios mais prejudicados foram Venâncio Aires (R$ 18,3 milhões), Candelária (R$ 16,52 milhões) e Agudo (R$ 6,35 milhões). No total, os prejuízos calculados no setor chegam a R$ 95 milhões.
Além disso, foram 2.070 canteiros perdidos, 1.428 hectares perdidos de terra agricultável, 285 toneladas de fertilizantes perdidos e a estimativa de perda de produção safra 2024/25 é de 848 toneladas. O levantamento também demonstrou que 96% dos produtores que foram atingidos pretendem seguir produzindo tabaco.
Schünke informou que as indústrias estão apoiando funcionários que tiveram perdas pelas cheias, bem como os fumicultores, com a distribuição de kits com insumos para o plantio. O presidente do SindiTabaco entende que políticas públicas serão necessárias para atender emergencialmente os produtores, especialmente no acesso a linhas de crédito para a manutenção e construção de residências, estufas e galpões.