Anunciado nesta quarta-feira, 3, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Plano Safra 2024/2025 foi alvo de críticas de entidades e lideranças ligadas ao segmento empresarial. O anúncio traz a liberação de R$ 476,5 bilhões para a agricultura familiar (R$ 76 bi) e para a agricultura empresarial (R$ 400,5 bi), para o ciclo com encerramento em julho do próximo ano.
Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, dois aspectos causam preocupação. O primeiro diz respeito à real execução do previsto.
“Os números são superlativos, mas é importante que eles sejam efetivamente disponibilizados. No Plano Safra 2023/2024, que acabou de acabar, também tivemos anúncios superlativos. Só que não houve a disponibilidade de recursos anunciados”, diz Antonio da Luz.
Nos cálculos do economista, dos R$ 435 bilhões do plano anterior, foram realizados, de fato, R$ 369,2 bi, uma queda de 15% em relação ao previsto. A situação mais grave, na avaliação de da Luz, no entanto, refere-se ao montante de recursos oferecidos com taxa de juro controlada pelo governo.
“Os recursos livres são recursos de mercado, a custo de mercado, dinheiro de mercado, que o governo não deveria sequer anunciar. É a parte que mais dói. Houve uma queda de 12% dos recursos controlados. Ou seja, o único papel do governo, é no recurso controlado, e este caiu 12%”, salienta o economista.
A mesma crítica é apresentada pelo presidente da Associação Brasileiras dos Produtores de Soja, Maurício Buffon, destacando que a maior parte dos recursos não tem equalização de taxa de juros, ou seja, o governo não está contribuindo para balizar o custo do dinheiro para os produtores rurais.
“O ano de 2024 está sendo bastante desafiador e, infelizmente, o governo não está ajudando em nada o setor”, afirma o presidente da Aprosoja Brasil.
Buffon também reclamou do atraso no lançamento do planejamento agrícola e pecuário, normalmente realizado no final de junho. Para ele, a prorrogação comprometeu o planejamento para tomadores de crédito e instituições financeiras. O presidente da Aprosoja disse ainda que os recursos são insuficientes para atender as demandas da produção brasileira.