Além do velho costume de verificar se todos os ovos de galinha estão íntegros antes de levá-los para casa, a partir de 4º de março, os brasileiros terão que observar mais um detalhe: a data de validade impressa na casca de cada ovo de galinha. A nova norma obriga que os itens vendidos separadamente (a granel) venham também com a validade.
A decisão foi publicada em 6 de setembro, pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa). O prazo era de 180 dias para ser colocada em prática oficialmente. Por isso, os ovos produzidos até 4 de março, e sem o carimbo, podem ser comercializados normalmente.
A medida
Além da validade, deve constar em cada ovo o registro do local de produção e o lote. Conforme o órgão federal, ela servirá para o aprimoramento da segurança alimentar dos consumidores do alimento e a rastreabilidade dos produtos em caso de problemas.
– A medida é extremamente importante para garantir a segurança do consumo dos ovos. Temos que pensar que a data de validade vai trazer para o consumidor a garantia que aquele alimento está fresco e seguro para o consumo. Justamente para a gente reduzir, por exemplo, a salmonelose, que é uma das doenças comuns no consumo de ovos, um tipo de infecção – enfatiza Ana Lúcia de Freitas Saccol, professora de Nutrição e do mestrado em Ciências da Saúde e da Vida da Universidade Franciscana (UFN).
Qualidade e validade
O ovo fresco tem melhor sabor, textura, valor nutricional e a período seguro para consumo, descreve Ana Lúcia. Para manter essas características, a qualidade e o paladar para o consumo, o ministério definiu que o prazo de validade dos ovos é de 25 dias após a galinha fazer a postura. Dentro desse período, o risco de salmonella (um dos três principais micro-organismos que causam mais surtos no Brasil) , por exemplo, é considerado mínimo, diz ela:
– Fora desses 25 dias, características como odor e sabor podem ser alteradas. A salmonella tem mais chances de acontecer, também. Ela pode acontecer ainda na formação do ovo, quando a galinha está infectada. Por isso que a gema crua, o ovo cru, não pode ser comercializado em restaurantes. Quando as galinhas são saudáveis e foram manuseadas em ambiente higiênico, a maioria dos ovos não tem salmonella, mas a contaminação pode acontecer de diferentes maneiras, na granja e até em casa.
Cozinhar bem o alimento é a forma eficaz de evitar a salmonella e outras infecções alimentares.
Contraponto
Nesta segunda-feira (17), deputados do partido Novo protocolaram na Câmara dos Deputados um projeto de decreto Legislativo para derrubar a portaria que instituiu a identificação de ovo. Eles argumentam que a medida é desproporcional para pequenos e médios produtores, além de favorecer os grandes e estimular possíveis distorções no mercado.
Assinaram o projeto os deputados Ricardo Salles (Novo-SP), Marcel van Hattem (Novo-RS), Gilson Marques (Novo-SC) e Adriana Ventura (Novo-SP).
Proibido: gema mole e maionese com ovo cru em restaurantes
Além disso, Ana Lúcia lembra que há regras da Vigilância Sanitária que determinam que restaurantes, bares e lanchonetes não podem servir alimentos com ovo cru ou com a gema mole, como medida de precaução à contaminação por salmonella ou outros germes, como e.colli, que também pode contaminar o ovo e causar problemas gastrointestinais. Ela admite que é uma situação complexa, já que muitos clientes pedem para servir a la minuta ou outro prato com ovo com a gema mole, mas que o restaurante que faz isso está assumindo um risco.
- Isso é porque só a cocção a 70°C mata a salmonella. Portanto, deixando a gema dura, evita-se o risco de contaminação por salmonella - diz a professora de Nutrição.
Segundo ela, o restaurante pode fazer a própria maionese, mas não com ovos crus, pois isso também é proibido pela legislação. Ana Lúcia diz que as alternativas são fabricar a maionese no restaurante com ovo cozido ou ovo em pó.
Refrigeração
Manter os ovos refrigerados não favorece a multiplicação dos micro-organismos. Este é um dos cuidados possíveis para ter com o alimento. Veja as demais dicas.
Cuidados
- Verificar a procedência – Buscar granjas registradas
- Na compra – Verificar a integridade da casca, sem sujeira e sem rachadura
- Armazenamento – Local fresco, arejado, preferencialmente refrigerados
- Ao guardar na geladeira – apesar de alguns especialistas dizerem para evitar deixar ovos na porta da geladeira, por conta das variações de temperatura e possíveis batidas, não há comprovação científica de que isso prejudique a qualidade dos ovos. Se possível, colocar dentro da geladeira ou até mesmo na porta
- Limpeza – Não se deve lavar ovos ou deixá-los de molho em água. Caso estejam sujos, lavar somente com água corrente. Não passar detergente nem esponja, pois pode prejudicar a membrana protetora do ovo
Sobre a portaria do Ministério da Agricultura definindo regras para venda de ovos
- Medida foi adotada ainda em 2024, com 180 dias de adaptação
- Ovos fabricados até 4 de março, e sem o carimbo, podem ser comercializados normalmente. A partir desta data, todos precisam ter data de validade impressa
- Tinta do carimbo deve ser própria para uso em alimentos, com tinta atóxica
- Além da validade, deve constar o registro do local de produção
- Bandejas plastificadas ou estojos de ovo não precisam que todos os ovos estejam carimbados