O Rio Grande do Sul registrou, em maio, o maior número de hospitalizações por gripe em um mês dos últimos três anos, pelo menos. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), somente nas duas primeiras semanas foram mais de 400 internações por influenza.
É um dos dois picos mais altos dos últimos cinco anos por semana epidemiológicas. Até esta quinta-feira (29), o balanço parcial do painel de monitoramento da SES apontava para 594 hospitalizações pela doença em maio de 2025. O número é superior ao consolidado do mesmo mês no ano passado, quando 333 pessoas foram internadas, e de 2023, quando foram 417 internações por influenza.
A baixa cobertura vacinal está entre os fatores que agravam o quadro. Conforme a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Tani Ranieri, cerca de 70% dos casos graves de influenza registrados em 2025 são de pessoas que não tomaram o imunizante contra a gripe.
Neste ano, apenas 24,6% do público infantil, que inclui crianças de seis meses a menores de seis anos, tomou o imunizante contra a gripe. Já entre as gestantes, a cobertura vacinal está em 20,7%. O número de doses aplicadas nos idosos é um pouco maior, chegando a 43% da população estimada.
A média geral desses três grupos prioritários é de 38,2%, abaixo da meta de 90%. Até o momento, cerca de 1,8 milhão de gaúchos destes públicos não buscaram os postos para tomar o imunizante.
Levantamento feito pela SES indica que a cada cinco pessoas que foram internadas por problemas respiratórios em decorrência da gripe em 2024, quatro não eram vacinadas contra influenza. O número significa que 82% das internações por gripe no Estado em 2024 foram de não vacinados.
Entre os públicos de maior risco, a baixa adesão ainda é superior: 90% das crianças menores de seis anos e 73% dos idosos hospitalizados não haviam tomado a vacina. O panorama é similar nos registros de mortes do ano passado: 77,5% dos óbitos foram entre pessoas não imunizadas.
— Esse é o grande objetivo da vacina, é evitar principalmente hospitalizações, a gravidade do caso e evitar óbitos. É importante que essa vacina também seja adquirida pelo usuário de uma forma antecipada, porque se sabe que a vacina demora em torno de 10 a 15 dias para você ter a sua proteção máxima — explica Tani Ranieri, diretora do Cevs.
Quando comparados os números históricos de busca pelas vacinas, a baixa adesão tem sido percebida desde após a pandemia de covid-19, em 2020.