Polícia investiga morte de homem encontrado decapitado em Ronda Alta
Homem de 62 anos foi visto pela última vez após fugir de internação psiquiátrica de hospital no início do mês
Publicado em 30 de setembro de 2021
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A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte de um agricultor aposentado de 62 anos em Ronda Alta, no norte do RS. O corpo de Francisco Damiani foi localizado sem vida no último sábado, 25, na barragem do balneário Parque da Amizade. Na segunda-feira, 27, a cabeça foi encontrada a 10 metros do ponto de onde estava o corpo.

O aposentado foi visto pela última vez no início do mês. Damiani fugiu do Hospital dos Trabalhadores de Ronda Alta em 3 de setembro, onde havia sido internado voluntariamente por alcoolismo na mesma data. 

O cadáver está sendo analisado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) em Passo Fundo, onde também será feita coleta de material biológico e papiloscópico. A partir do resultado do laudo, a Polícia Civil vai definir uma linha de investigação.

— Por enquanto não temos suspeitos e se não se sabe se teve crime. Se houve crime ou não, a perícia vai nos nortear — afirma o delegado Leandro Antunes.

Damiani foi internado na manhã do dia 3 e fugiu, segundo o hospital, por volta das 17h. Uma hora depois, foi visto na Vila Esperança, em Ronda Alta, solicitando água em uma casa.

— Ele estava sozinho. A pessoa que o ajudou não sabia se ele estava embriagado ou medicado, mas aparentava estar meio aéreo, com comportamento estranho. Depois disso, não foi mais visto — conta Antunes.

A pessoa que deu água a Damiani já foi ouvida pela polícia e nesta quarta-feira, 29, um vizinho desta residência deu depoimento. O hospital fez registro de desaparecimento na Delegacia Online e desde o dia 6 a polícia tenta obter imagens das câmeras de segurança da instituição.

A informação que chegou a polícia é que os equipamentos do hospital armazenam imagens por apenas um dia e, por isso, não haveria gravações da saída do Damiani. Os agentes analisaram câmeras do município e de residências próximas ao hospital, que não trouxeram indícios sobre o paradeiro do homem e o momento da fuga.

Antunes afirma que a Delegacia de Ronda Alta aguarda há duas semanas informações solicitadas ao hospital, como prontuário médico — com detalhes de qual medicação foi dada a Damiani — relação de pacientes que estavam internados com ele e de profissionais que trabalharam em 3 de setembro. Todos deverão ser chamados para depor.

— O hospital tem uma ala psiquiátrica e não dispõe de portas que isolem o pessoal. Saem na hora que querem e esse tipo de fuga é muito comum. Agora, nunca ocorreu de alguém fugir e aparecer morto — diz o delegado.

Um dia antes do sumiço de Damiani, outro paciente da mesma ala fugiu, furtou uma motocicleta, foi para o município de Rondinha, furtou mais um veículo e se deslocou para Sarandi. Nesta cidade, foi preso em flagrante enquanto furtava um estabelecimento comercial.

O inquérito vai investigar a conduta do hospital e aguarda o prontuário médico de Damiani para entender se ele fugiu sob efeito de algum medicamento. Procurado pela reportagem, o hospital informou que, seguindo orientações jurídicas, não irá se pronunciar até sair o resultado do laudo do IGP. A perícia também vai apontar se Damiani morreu em razão da decapitação ou se a cabeça foi retirada do corpo após a morte.

— Temos muitas dúvidas e incertezas sobre o caso, principalmente pelo não esclarecimento do desaparecimento de um paciente que estava internado sob os cuidados de uma instituição de saúde e depois as circunstâncias da morte. É bastante estranha a forma e as condições em que o corpo foi encontrado — considera a advogada da família, Maura da Silva Leitzke.

Segundo o delegado, Damiani não tinha inimizades e nem conhecidos em Ronda Alta. A filha Silvia Damiani, 35 anos, conta que o pai morava em Boa Vista das Missões e devido ao alcoolismo foi morar com uma irmã, no interior de Lajeado do Bugre.

Em 2 de setembro, Damiani passou mal, foi buscar atendimento médico no município e devido a uma convulsão foi transferido para Palmeiras das Missões. Por sofrer com alcoolismo, fez internação voluntária no dia seguinte na ala psiquiátrica do hospital de Ronda Alta. O aposentado já havia procurado atendimento nesta instituição outras vezes.

— O hospital diz que meu pai saiu pelas 17h, mas nada comprova. Só deram falta dele quando foram chamá-lo para se alimentar. Queremos uma resposta pois isso destruiu nossa família. Formamos um grupo de quase 20 pessoas para procurá-lo em vilas, matas, rios, até em lixeiras. Era uma pessoa maravilha e não tinha inimizade com ninguém — diz a filha.

Fonte: *Com informações da GZH Foto: Reprodução
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