A ponte que liga o Brasil à Argentina, no km 725 da BR-290 em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, segue parcialmente bloqueada nesse domingo (18). Desde a noite de sexta-feira (16), os veículos estão passando no sistema pare e siga em razão de problemas estruturais.
No sábado (17), houve a proibição da passagem de veículos pesados na ponte, como caminhões e ônibus. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não há previsão de liberação total do trecho.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) realizou vistoria no local.
Embora o Dnit ainda não tenha divulgado exatamente o problema, uma rachadura foi identificada do lado brasileiro. Até que os danos na ponte sejam avaliados em definitivo, só está permitida a passagem de veículos leves.
Na última sexta, o governo argentino publicou um edital para realização de obras na ponte. Segundo a intendência municipal de Paso de Los Libres, a ponte apresenta "sérios danos estruturais, o que impossibilita o trânsito normal".
Entre as reformas previstas estão a fresagem e recuperação das áreas desgastadas da ponte do lado argentino. Haverá um prazo de 90 dia para a execução das obras a partir da definição da empresa.
Prejuízos
Fabio Freitas Ciocca, diretor da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros e vice-presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Rio Grande do Sul (SDAERGS), aponta que Uruguaiana comporta a maior fatia do movimento de mercadoria transacionada no modal rodoviário entre Brasil- Argentina e Brasil-Chile. Ele também ressalta que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil.
Ciocca destaca que até 31 de agosto, 187.640 caminhões cruzaram a ponte, um incremento de 30% sobre o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 6 bilhões de mercadorias escoadas pela ponte.
— Já em agosto ultrapassamos todo o ano de 2021 em número de veículos. Facilmente ultrapassaríamos 250 mil até o fim do ano. Chegaríamos a 8 bilhões de dólares de mercadorias escoadas pela ponte — analisa Ciocca. — Isso mostra a importância de Uruguaiana como ponto estratégico como economia do Brasil.
Segundo Ciocca, uma obstrução da ponte mesmo que seja parcial, afeta drasticamente o mercado entre Brasil e Argentina. Ele avalia que outras fronteiras não têm estrutura para absorver o fluxo que cruza por Uruguaiana.
— No caso de uma interrupção total da ponte, será um caos — pondera. — Mesmo que interrompam só parcialmente, teremos que realizar um trabalho entre as forças que dependem do comércio exterior, para alcançar com muita serenidade a solução do problema.