"Chá milagroso" e "quebra de maldição": polícia investiga grupo suspeito de aplicar golpes no RS
Publicado em 05 de outubro de 2022
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A Polícia Civil investiga um grupo de pessoas que estaria aplicando golpes em diferentes cidades do Estado. Conforme a investigação, trata-se de uma família que vive como nômade e vendendo chás como se fossem milagrosos. O grupo também oferece trabalhos espirituais, promete quebrar maldições e curar doenças por meio de rituais. O principal alvo dos criminosos, segundo a apuração, são pessoas idosas. Um homem do grupo chegou a ser preso em flagrante no último dia 26, por charlatanismo, estelionato e constrangimento ilegal, mas foi liberado pela Justiça no dia seguinte. O inquérito segue em andamento.

Em um dos casos, registrado em Rio Pardo, o grupo teria levado cerca de R$ 20 mil de um casal de idosos. De acordo com o delegado Anderson Faturi, dois homens, supostamente pai e filho, teriam ido até a residência dos idosos e oferecido trabalhos espirituais. A dupla teria afirmado que a filha do casal tinha um problema de saúde e apenas mais alguns meses de ida. Para descobrir qual a causa e a cura para a suposta doença, eles cobraram o valor de R$ 20 mil, que foi pago, segundo a investigação.

Após os supostos rituais, os homens afirmaram que a causa do problema de saúde seria uma panela de ouro enterrada na propriedade, que deveria ser removida para liberar a família de "maldições". Os criminosos pediram mais R$ 60 mil para alugar uma retroescavadeira, retirar a panela das terras do casal e "quebrar" o trabalho espiritual lançado na filha.

Na ocasião, a dupla também se ofereceu para benzer uma arma do casal, que foi levada e não foi devolvida.

— Depois disso, os criminosos não aparecem mais na casa. Quando o valor de R$ 60 mil foi cobrado, as vítimas comentaram sobre o caso com vizinhos e pessoas próximas e foram alertadas de que se tratava de um golpe. Decidiram procurar a polícia. Esse grupo oferece, digamos, trabalhos espirituais, curas. Quem pratica esse tipo de golpe sabe identificar a fragilidade da pessoa, encontra algo em que ela acredita. Muitas vezes, a própria vítima acaba passando informações, comenta de um familiar que está com problema de saúde, e o criminoso passa a explorar isso para obter lucro — explica Faturi.

O caso em Rio Pardo foi registrado em julho e segue sendo investigado. Conforme a polícia, há registros também em municípios como Ijuí, Palmeira das Missões, Tenente Portela, Porto Xavier, Pelotas, Jaguarão e Santa Cruz do Sul. O tipo de ocorrência é variado, indo de furto, ameaça e crime de trânsito até estelionato e curandeirismo. A polícia pretende confirmar se o mesmo grupo é responsável pelos crimes.

Ao menos oito pessoas foram identificadas — incluindo duas crianças — e três são investigadas. Segundo a investigação, a família vive montando acampamentos em diferentes cidades e mudando de local com frequência. Eles circulam também por outros Estados, segundo os registros encontrados pela investigação. Segundo a polícia, alguns aspectos indicam o poder aquisitivo do grupo: mesmo sem carteira de habilitação, eles possuem carros e ao menos uma caminhonete. Além disso, a arcada dentária superior dos integrantes da família é composta por dentes de ouro.

 

Fonte: *Com informações da GZH
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