Polícia Federal deflagra nova ofensiva contra financiadores de atos golpistas no RS e mais 11 unidades da federação
23ª fase da Operação Lesa Pátria cumpre 46 mandados de busca e apreensão e uma ordem de prisão preventiva
Publicado em 08 de janeiro de 2024
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A Polícia Federal deflagrou, nesta segunda-feira, a 23ª fase da Operação Lesa Pátria, com o objetivo de identificar pessoas que financiaram e fomentaram os atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. As diligências ocorrem no Rio Grande do Sul, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Paraná, Rondônia, São Paulo, Tocantins, Santa Catarina e Distrito Federal. No estado gaúcho, são cumpridos 13 mandados de busca.

Ao todo, a ação engloba 46 ordens de busca e apreensão e uma de prisão preventiva. Os 47 mandados judiciais foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Foi determinada também a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos suspeitos.

Segundo a PF, os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e associação criminosa. Também são apurados delitos de incitação ao crime e destruição, deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

A nova etapa da ofensiva ocorre um ano após os ataques ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, quando houve violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos das instituições. A estimativa é que os valores dos danos causados ao patrimônio público cheguem à cifra de R$ 40 milhões.

Operação Lesa Pátria ocorre de forma permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos e pessoas capturadas. As investigações continuam em curso.

Mandados de busca e apreensão

BA - 02
DF - 05
GO - 02
MA - 04
MG - 02
MT - 10
PR - 01
RO - 01
RS - 13
SC - 02
SP - 01
TO – 03

Mandados de prisão preventiva

BA - 01

Fases anteriores da operação

A primeira etapa da Lesa Pátria ocorreu no dia 20 de janeiro do ano passado, resultando na prisão de cinco pessoas. Entre elas Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, o Ramiro dos Caminhoneiros, que teria oferecido vagas em ônibus que iriam para Brasília e publicado vídeos pedindo doações para a mobilização. Em nota, a defesa dele alegou abusos cometidos pela PF e reiterou que ele “jamais tentou se furtar da Justiça”.

Três dias depois, a segunda fase da ofensiva resultou na prisão de Antônio Cláudio Alves Ferreira. Ele foi filmado dentro do no Palácio do Planalto, destruindo um relógio histórico do século 17, feito pelo francês Balthazar Martinot. A reportagem tenta contato com a defesa dele. O espaço permanece aberto.

A terceira fase da operação, em 27 de janeiro, prendeu cinco pessoas. Entre elas estava uma idosa de 67 anos, conhecida como Fátima de Tubarão, que gravou um vídeo dentro do STF declarando "é guerra, agora vou pegar o Xandão". Ela já tinha antecedentes por tráfico e estelionato.

A ação também cumpriu buscas na residência de Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, ele negou envolvimento nos atos. “Busquem os verdadeiros vândalos e também os covardes mascarados e fantasiados de patriotas”, escreveu.

No dia 3 de fevereiro, a quarta etapa prendeu o empresário conhecido como Mário Furacão, que se filmou dentro do Palácio do Planalto. A defesa alega que ele “jamais compactuou com qualquer ato de violência”.

Também foi preso um PM aposentado conhecido como Homem do Tempo, que aparece subindo a rampa do Congresso e também dentro do STF. A defesa dele sustenta que é infundada a atribuição dos crimes e que ‘todos os elementos de prova já foram esgotados’.

Entre os alvos da quinta fase, em 7 de fevereiro, estavam políciais do DF. Foi preso o então chefe do Departamento Operacional da PM, coronel Jorge Eduardo Naime Barreto. Ele afirma que não estava trabalhando no dia dos atos golpistas e nem participou dos planejamentos das autoridades para a data. Também foram presos um capitão, um major e um soldado.

Uma semana depois, a sexta fase da operação cumpriu oito mandados de prisão em GO, MG, PR, SE e SP. Em 7 de março, a sétima fase cumpriu oito mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão, em MG e no PR.

O maior número de prisões ocorreu na oitava fase da ação, em 17 de março, quando 32 investigados tiveram prisão decretada. Entre eles estava uma mulher apontada como responsável por pichar a estátua da Justiça, localizada em frente STF. Também foi preso um homem que teria roubado uma bola autografada pelo jogador Neymar, que estava na Câmara dos Deputados.

No dia 23 de março, a nona fase da operação prendeu o major da reserva Claudio Mendes dos Santos. Segundo a PF, ele teria administrado recursos para os atos e ensinado táticas de guerrilha para militantes, em um acampamento montado em frente ao QG do Exército, em Brasília. Em depoimento, ele negou as suspeitas e disse ter participado como líder espiritual, com rezas e cura de doenças.

Na décima etapa, em 18 de abril, os policiais federais cumpriram 16 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão em SP, GO, MG, MT, PA, PR, RJ e DF. Foram bloqueados R$ 40 milhões.

Na fase seguinte, em 11 de maio, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão em MS, SP e PR. Foi apreendido um arsenal, incluindo fuzis, na casa de um empresário apontado como um dos financiadores dos atos.

A 12ª etapa, no dia 23 de maio, mirou policiais militares do DF, com um mandado prisão e quatro de busca e apreensão. os agentes da PF cumpriram um mandado de prisão e quatro de busca e apreensão em Brasília. Os investigados teriam ordenado o recuo das tropas no entorno do STF.

A 13ª fase, em 27 de junho, cumpriu mandados de busca em Itapetininga (SP). Um dos alvos foi Milton de Oliveira Júnior, dono de uma rádio, que admitiu ter financiado os atos. “Eu contribui e entrego os recebidos. Se eu tiver que ser preso porque ajudei patriotas a irem para Brasília fazer protesto contra um governo ilegítimo, que seja preso. Não há problema nenhum. Não tenho medo da Justiça”, disse ele em um programa.

Em 17 de agosto, a 14ª fase cumpriu dez mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca e apreensão no DF, BA, GO, PA, PR e SC. Entre os alvos de prisão estavam um líder religioso e um cantor.

Na 15ª fase, em 29 de agosto, foram feitas buscas em Goiânia e Piracanjuba. Um dos alvos foi o deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil), que admitiu que tinha financiado os atos. “Eu ajudei a bancar quem estava lá. Levei comida, água e dei dinheiro”, disse ele na Assembleia Legislativa de GO.

A 16ª fase, em 5 de setembro, cumpriu 53 mandados de busca e apreensão em SP, MS, CE, MG, SC e PR. Na 17ª fase, no dia 27 do mesmo mês, foram presos um homem que gravou uma transmissão sentado na poltrona do ministro Alexandre de Moraes e uma advogada, suspeita de esconder celulares de clientes detidos no dia do ato.

Em 29 de setembro, a 18ª fase resultou na prisão do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde e general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes. Segundo a PF, ele teria participado da invasão das sedes dos Três Poderes e teria sido um dos idealizadores de uma suposta intervenção militar. Em depoimento, ele afirmou que atuou como um manifestante comum e foi embora antes das invasões.

A 19ª fase, em 25 de outubro, cumpriu 13 mandados de busca e apreensão no MT, RJ, e DF, e prendeu cinco pessoas. A etapa seguinte, em 21 de novembro, resultou em dois presos, em PB e MT.

Em 28 de novembro, a 21ª etapa ocorreu nos estados de GO e PI, resultando em uma prisão. Por fim, a 22ª fase da operação cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva em SC e MG.

 

 

Fonte: Bruna Casali / Com informações Correio do Povo
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