O homem acusado de matar quatro crianças após invadir uma creche com uma machadinha, em Blumenau, no Vale do Itajaí, foi condenado a 220 anos de prisão após júri de 11 horas nesta quinta-feira, dia 29. O crime ocorreu em abril de 2023.
As vítimas foram identificadas como: Bernardo Cunha Machado, cinco anos, Bernardo Pabst da Cunha, quatro anos Larissa Maia Toldo, sete anos e Enzo Marchesin Barbosa, quatro anos.
Ele foi denunciado pela 10ª Promotoria de Justiça da comarca pelas mortes e cinco tentativas de homicídio contra alunos do Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor.
"Sabemos que nada vai trazer nossas crianças de volta. Não existe pena para trazê-las de volta, mas pelo menos saímos daqui um pouco mais aliviados para tocar a nossa vida e poder virar essa página. Esquecer, jamais. A dor será eterna, mas precisamos seguir a nossa caminhada", disse Alconides Ferreira de Sena, diretora da creche Cantinho Bom Pastor. Ela se juntou a familiares das vítimas na porta do Fórum de Blumenau antes de o julgamento começar.
Do lado de fora, abraços, lágrimas e recordações das famílias das vítimas que foram assistir ao julgamento. Um clima que se misturou à expectativa dentro do salão do júri. O julgamento do réu começou por volta das 8h30.
Em seguida, foram sorteados os sete jurados integrantes do Conselho de Sentença. Foram 11 horas até a leitura da sentença, nas quais os Promotores de Justiça Rodrigo Andrade Viviani e Guilherme Schmitt se revezaram para obter a condenação do réu a 220 anos de reclusão pelos crimes.
O acusado foi condenado por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídio, com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa das vítimas e pelo fato de os crimes terem sido praticados contra menores de 14 anos, conforme requereu o MPSC à Justiça.
Muito emocionada, Lidiane Cristina da Cunha, tia e madrinha de uma das vítimas fatais, disse que o réu não tem mais condições em viver em sociedade. "Os crimes mais cruéis que ele poderia cometer, ele já executou, e espero que ele fique lá dentro porque não tem mais como conviver entre nós. Não trará as crianças de volta. Nosso ninho vai continuar vazio, mas isso fecha um ciclo, de apreensão, de espera pela Justiça".
O julgamento
Durante a manhã, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação e uma da defesa, além do réu. Após o intervalo do almoço, começaram os debates entre acusação e defesa. No Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça Rodrigo Andrade Viviani sustentou a condenação nos termos máximos.
"Lembrem-se do que esses fatos impactaram essas famílias e a nossa cidade de Blumenau [...] Nada chegou perto do essa que vimos: um massacre a creche que vitimou nove crianças em apenas 20 segundos", destacou.
"Os objetos do crime e os alvos (vítimas) demonstram que há uma crueldade na conduta do réu", disse o Promotor de Justiça Guilherme Schmitt ao mostrar aos jurados equipamentos semelhantes aos usados no dia do crime.
Quando a Juíza encerrou a leitura da sentença condenado o réu a pena de mais de dois séculos, as famílias se abraçaram novamente pela conquista. "A justiça foi feita. Nenhum pai e nenhuma mãe merecem passar por uma dor desta", disse Paulo Edson da Cunha Junior, pai de uma das vítimas fatais.
O Promotor de Justiça Guilherme Schmitt afirmou que foi um júri com uma forte carga emocional, mas "o resultado foi o que o Ministério Público almejava". "Buscamos a pena máxima que a legislação permite para que ele cumpra o máximo possível e, de fato, os jurados acolheram o nosso pedido", completou.
Relembre os fatos
No dia 5 de abril de 2023, o homem chegou no local em uma moto, por volta das 8h30, e pulou o muro da escola. Armado com uma machadinha, ele assassinou as crianças que brincavam no pátio, com golpes na cabeça. Após o crime, ele se entregou à polícia.
As vítimas foram Bernardo Pabest da Cunha e Enzo Marchesin Barbosa, ambos de 4 anos; Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, e Larissa Maia Toldo, 7 anos.
A 10ª Promotoria de Justiça da Comarca de Blumenau efetuou a denúncia do acusado pelo ataque à creche no dia 18 de abril do mesmo ano. O Promotor de Justiça também requereu que o réu fosse submetido ao Tribunal do Júri. Por envolver crianças, o processo correu em sigilo.