Estamos ficando sem café
Maioria das espécies silvestres está em perigo de extinção ameaçando a produção comercial
Publicado em 21 de janeiro de 2019
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A maioria das espécies silvestres de café corre o risco de desaparecer nas próximas décadas. De algumas só restam três ou quatro plantas e de outras não há notícias há quase um século. Uma das ameaçadas é a Coffea arabica, da qual procede a maior parte das variedades cultivadas. Ainda que somente três espécies tenham interesse comercial hoje, a extinção de somente uma das demais ameaça o futuro tanto do café silvestre como do cultivado.

Quase 100% dos 10 milhões de toneladas de café em grão que serão colhidas nessa temporada são arabica e robusta (Coffea robusta). Há uma terceira espécie (Coffea liberica) que é consumida em diversas partes da África, mas seu principal valor no cultivo do cafeeiro é como enxerto no rizoma das outras duas espécies. Na natureza, entretanto, há muito mais café. Que se saiba, existem pelo menos 124 espécies silvestres de Coffea. E a maioria não é originária das terras úmidas da Etiópia. Estão em Serra Leoa, no extremo ocidental do continente africano, até no Estado de Queensland no leste da Austrália.

Agora, pesquisadores do Real Jardim Botânico de Kew (Reino Unido) determinaram o estado em que se encontram todas as espécies silvestres conhecidas de café. Os resultados, baseados em uma década de expedições, acabam de ser publicados na Science Advances. Das 124 espécies, 75 estão ameaçadas (60%), de acordo com os critérios estabelecidos pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

A porcentagem de ameaçadas sobe até 70% se for descontado do total as quase vinte espécies das quais não existem dados confiáveis. De 14 não há informação recente, em boa parte pelas guerras que impediram seu estudo. De algumas, há mais de um século não se têm notícias e de cinco, todas asiáticas, só existem provas nos herbários ocidentais. Do total, 13 estão em perigo crítico de extinção e somente 35 foram catalogadas como não ameaçadas. Ainda que o risco exista em toda a distribuição geográfica do café silvestre, o drama se concentra em Madagascar, com 43 espécies ameaçadas, Tanzânia, com 12, e Camarões, com sete.
Fonte: El Pais
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